Laiane Guedes
2 min readJul 24, 2021

O ato

Hoje mais cedo passei pelo ato e ele me trouxe um retrato

de quando eu era mais nova e morava na cidade nova

eu saia sem medo na rua andava quase nua

em Belém faz muito sol eu que não ia sair de lençol

mas aqui onde vi o ato era frio, mas bem que podia ser no Rio

mas era inverno, quase todo mundo de terno

mentira…

eram aquelas roupas de lã, estilosas e pesadas

eu passava apressada, mas parei, olhei, observei a juventude bonita

que canta e que grita

no final uma plenária, esta tem função planetária

reunir toda a galera e jogar aquela fera

soltar a voz, mandar o papo

a hora que neguin grita pro alto

FORA BOLSONARO

Foi maneiro e gostoso quase que paro e tomo um chopp

mas eu queria ir embora, porém não era hora

meu ônibus demora, onde eu moro o povo chora

de raiva do horário do busão

mas ah que emoção

eu fui ficando pelo ato quando vi dei de cara com o Renato

ele foi me falando da manifestação, afirmou que é melhor no verão

Segui…

Me vieram as lembranças

foram tantas militâncias…

Já fui de tudo um pouco, criança brigava junto ao eca

depois cresci e gostava da biblioteca

já adolescente me juntei na luta do campo

eu só andava de bando

mais adulta me descobri feminista

tracei uma luta pela mulher e também uma luta anti racista

também defendo o meio ambiente, vc sabe sem ele ninguém vende

sou anticapitalista nem preciso explicar, vcs já sabem muita fita

enquanto o ato passava eu lembrava

de toda essa história percebi que possuo uma trajetória

e é de luta

força bruta

de cá eu custo acreditar

olhando daqui desse lugar

tão alto e tão embaixo

eu tenho uma história?

sim e me reconheço nela, abro uma janela

volto ao passado com significado

faço um retorno, de novo

agora saudável, o ato segue louvável…