O ato
Hoje mais cedo passei pelo ato e ele me trouxe um retrato
de quando eu era mais nova e morava na cidade nova
eu saia sem medo na rua andava quase nua
em Belém faz muito sol eu que não ia sair de lençol
mas aqui onde vi o ato era frio, mas bem que podia ser no Rio
mas era inverno, quase todo mundo de terno
mentira…
eram aquelas roupas de lã, estilosas e pesadas
eu passava apressada, mas parei, olhei, observei a juventude bonita
que canta e que grita
no final uma plenária, esta tem função planetária
reunir toda a galera e jogar aquela fera
soltar a voz, mandar o papo
a hora que neguin grita pro alto
FORA BOLSONARO
Foi maneiro e gostoso quase que paro e tomo um chopp
mas eu queria ir embora, porém não era hora
meu ônibus demora, onde eu moro o povo chora
de raiva do horário do busão
mas ah que emoção
eu fui ficando pelo ato quando vi dei de cara com o Renato
ele foi me falando da manifestação, afirmou que é melhor no verão
Segui…
Me vieram as lembranças
foram tantas militâncias…
Já fui de tudo um pouco, criança brigava junto ao eca
depois cresci e gostava da biblioteca
já adolescente me juntei na luta do campo
eu só andava de bando
mais adulta me descobri feminista
tracei uma luta pela mulher e também uma luta anti racista
também defendo o meio ambiente, vc sabe sem ele ninguém vende
sou anticapitalista nem preciso explicar, vcs já sabem muita fita
enquanto o ato passava eu lembrava
de toda essa história percebi que possuo uma trajetória
e é de luta
força bruta
de cá eu custo acreditar
olhando daqui desse lugar
tão alto e tão embaixo
eu tenho uma história?
sim e me reconheço nela, abro uma janela
volto ao passado com significado
faço um retorno, de novo
agora saudável, o ato segue louvável…