Por que ainda escrevo e recomendo que você também

Laiane Guedes
2 min readMay 12, 2022

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Como toda escritora, minha trajetória começa comigo escondendo-me do mundo, retirando meus textos de todos com medo que lessem e eu fosse ridicularizada.

Como toda escritora, eu demorei para tomar posse desse termo, precisei ouvir antes dos outros o que eu era para realmente me assumir uma.

Como toda escritora, muitos textos viraram segredos engavetados, em muitos casos, ocupando espaços inadequados desprovidos de cuidados.

Como toda escritora, tenho textos que considerei serem muito ruins, mas que foram elogiados quando lidos por estranhos.

Como toda escritora, senti medo da invalidação social sobre as palavras que que saem do meu íntimo, do conhecimento que construí ao longo da vida, dos livros que leio e das inúmeras fuxicadas na vida alheia.

Como toda escritora, acumulo histórias.

E como toda escritora, com o tempo percebi que muitas dificuldades que encontramos na estrada podem ser evitadas.

Na escrita peguei essa trilha para mim, quero alertar por quais caminhos nós mulheres que escrevemos NÃO precisamos caminhar para ter nosso trabalho reconhecido.

Se você escreve, certamente já duvidou de si mesma, das artes palavras que sua cabeça diz e das ideias que surgem em momentos inoportunos.

Se você escreve já deve ter ouvido falar sobre como a escrita não dá dinheiro, que você vai morrer de fome, que não tem futuro.

Ah como seria bom encurtar todo esse caminho, não é?

Como seria bom pular todas as etapas que uma escritora tem que passar para mostrar ao mundo seu potencial e se tornar logo publicada e reconhecida.

Mas a verdade é que na vida não é possível pular etapas.

O que podemos fazer é nos juntarmos no mesmo propósito e aprendermos umas com as outras, consumirmos o conteúdo umas das outras, falarmos de nós entre nós.

Em toda a minha trajetória, aprendi que estar em contato com mulheres que passam pelo mesmo que eu ajudou-me a superar diversos desafios.

Foi um longo e árduo caminho entre o dia que descobri uma estrada para chamar de minha até o dia que resolvi de fato trilhá-la.

Levei bastante tempo para encontrar minha voz e sair da minha concha. E agora faço exatamente isso, todos os dias.

Escrevo para eternizar os momentos, para capturar o tempo e para despertar a escritora que mora em cada mulher que ainda não se abriu para a escrita, mas que foi escolhida por ela.

Por isso, quero aproveitar esse espaço para dividir com você um pouco do que tenho vivenciado nesse papel de mulher que escreve.

Espero que juntas possamos desabrochar todas as histórias que temos para contar.

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