Retorne às suas palavras e continue a jornada

No ano de 2019 conversando com uma amiga debaixo da varanda da casa que dividíamos no bairro do Marco em Belém do Pará, lhe fiz a seguinte pergunta:
Amiga, você acredita que posso ser uma escritora?
Ela respondeu:
“Não. Você tem o lance com o brechó, investe nisso, é mais sua praia”
Naquele momento foi como se alguém tivesse jogado um balde de água fria na minha alma.
E como escritora já ouvi muitos “isso não é pra você” “deixa isso pra lá” ou “você não tem talento pra isso”, e diferente do que se imagina essas afirmações não vieram de estranhos, mas de conhecidos.
E sabe o que aconteceu?
Parei de escrever, tomei aquilo como verdade e “desisti” da escrita, por um tempo.
Afinal, uma escritora sempre retorna para as palavras.
Quando retornei para seguir essa jornada, percebi que para ser escritora é necessário ser acima de tudo forte.
Forte para retornar todas as vezes em que somos desacreditadas.
Forte para escalar o muro das limitações que nos colocam.
Forte para não sucumbir perante julgamentos.
Depois dessa conversa senti que estava solitária, que não tinha um suporte, que se não encontrasse uma fonte de apoio iria cair nas trincheiras da escrita e poderia não mais levantar.
Por isso, me recolhi e me preparei para fazer quase que escondida aquilo que aos olhos dos outros não parecia ser o meu talento.
Perguntei a mim mesma: qual é a quantidade de energia que estou colocando para conquistar meu objetivo?
Com quantas mulheres escritoras estou conversando?
E a resposta veio: eu estava fazendo pouco, me relacionando pouco e por isso o resultado era praticamente invisível.
Eu estava ouvindo as pessoas erradas, que não tinham os mesmos interesses que eu, embora queridas, elas não estavam trilhando uma estrada parecida com a minha.
Somos a média das cinco pessoas que nos cercam, e se você está cercada de pessoas que não estão ligadas ao que você almeja sugiro que você tente se conectar com quem já está trilhando o caminho que te leva para onde você quer ir.
Se você quer ser uma escritora não caia nas trincheiras. Não dê a desculpa da falta de tempo, da falta de espaço e jamais acredite que esse processo é solitário.
Não é.
Retorne às suas palavras!